EDITORIAL
Caramba, ó Galamba!

Em hipótese, pode um licenciado em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e na Université Sorbonne Nouvelle Paris III cometer um crime que justifique a intervenção do SIS para resgatar um computador com suposta “informação classificada pelo Gabinete Nacional de Segurança”?
Pode!
Pode, em hipótese, um putativo criminoso ser um mestre em Economia e Políticas Públicas, no ISCTE, com dissertação intitulada “Compreender a realidade: os fatores explicativos das notícias”?
Pode!

Pode, também em hipótese, um alegado ladrão de informação confidencial ter uma pós-graduação em Direito Fiscal pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa? ↓
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Pode!
Pode ainda, por hipótese, um presumido agressor de mulheres ser doutorando em Economia Política num programa conjunto do ISCTE, ISEG e Universidade de Coimbra?
Pode!
Pode ainda, por hipótese, um suspeitoso arremessador de bicicletas contra portas de vidro ter sido jornalista no Record, na Agência Reuters, na Rádio Renascença, no Sol e na Antena Um, além de investigador da Fundação Rosa Luxemburgo e assessor do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda?
Pode!

Pode ainda, por hipótese, tudo isto se acumular na mesma pessoa, e ela ter sido um discreto técnico especialista no Gabinete do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares entre 2017 e 2019, e adjunto no Gabinete do Ministro das Infraestruturas desde 2019?
Pode!
E pode João Galamba continuar a ser ministro?
Não! Não pode.