DO VARANDIM DO ESTORIL
Benfica 1.2

Por esta altura do campeonato, fazemos todos contas para que o derby chegue. Até lá — pelo menos na parte que me toca — desejo apenas jornadas calmas e com um onze que não trema das pernas.
O mistério de Prestianni e Schjelderup continua, sem que se perceba, a olho nu, como é que, na ausência de Di María, Amdouni é a opção mais natural.

A primeira parte não teve grande história, com o Benfica a dominar em ritmo de treino. O primeiro golo é de manual, com metade da equipa a jogar ao primeiro toque. O segundo começa a tornar-se um clássico no aproveitamento das bolas paradas. É particularmente estimulante perceber isso quando, ainda há poucos meses, a maior parte destes jogadores, com Roger Schmidt, não sabia que um canto ou um livre podiam ser ocasiões de golo.
Na segunda parte, o Estoril — uma das boas equipas do campeonato — veio com outra vontade e subiu as linhas. O penálti apareceu com alguma naturalidade, dada a pressão dos canarinhos. Pensei, ingenuamente, que depois da defesa de Trubin, Bruno Lage trataria de acordar as tropas, mas não: foi exactamente o contrário que aconteceu. O Estoril motivou-se e o Benfica deixou de ter a bola. Aliás, durante dez ou quinze minutos, os encarnados nem sequer passaram do meio-campo, e foi com alguma naturalidade que o golo do Estoril surgiu.
A luta no meio-campo intensificou-se, com muitos lances divididos e Florentino, sozinho, entregue a essa batalha. Samuel Dahl é um corpo estranho na lateral esquerda e lembro-me, na semana passada, de ter escrito que “descansar” Carreras contra o Estoril era um risco. Estes são os jogos que valem campeonato.
Schjelderup não entrou particularmente bem e os últimos vinte minutos foram de sufoco total por parte do Estoril. Lage tem as substituições escritas num papel que todos já conhecemos. Imagino que os treinadores adversários também as antecipem.





O Benfica meteu-se a jeito para ter um daqueles desgostos aos 98 minutos. Sim, porque, num jogo sem grandes paragens, tivemos todos direito a quase uma primeira parte de prolongamento.
Sobraram casos que serão discutidos durante a semana, mas o que se confirma é que, para a semana, o fraquíssimo campeonato português será decidido num jogo que se prevê de faca nos dentes.
Falamos para a semana, se a azia deixar.
Fotos de Pedro Almeida Vieira (no estádio)