ESTÁTUA DA LIBERDADE
O pote dos 133 mil milhões e os parasitas em campanha

Termina hoje mais uma campanha eleitoral neste bordel institucionalizado a que insistem em chamar democracia representativa. Foi, como sempre, uma campanha sem debate sério, sem ideias que rompam com o estatismo doentio que define o regime, e marcada — outra vez — pela suspeita de corrupção no seio do poder.
Desta feita, não foi o PS que caiu do cavalo, mas o PSD, em plena montada: o escândalo tem nome de clínica privada de fisioterapia ou rótulo de uma garrafa de vinho verde — Spinumviva. A empresa do agora primeiro-ministro Luís Montenegro e família, que afinal tinha como clientes os senhores da Solverde, uma empresa que explora casinos.

Ninguém, porém, ousa colocar a verdadeira questão: se vivêssemos em mercados livres, onde qualquer indivíduo pudesse abrir um casino, como um talho ou uma padaria, por que razão um empresário pagaria a Montenegro por acesso e favores?
A resposta é óbvia: porque os mercados não são livres — são cartéis legislados, concessões para monopólios, onde os donos mudam de camisa conforme o partido no poder. O Estado, esse buraco negro de favores e regulações, cria a escassez artificial, fecha a porta ao concorrente e permite que os Montenegro desta vida vendam a chave da entrada. É a porta giratória do banditismo democrático.
Mas não se pense que isto se resume à Solverde ou ao PSD. O verdadeiro drama português é o pote. Um pote de 133 mil milhões de euros, segundo o Orçamento do Estado para 2025. É a soma colhida à força por um exército de fiscais, inspectores e cobradores de dízimos, sob a égide de uma máquina chamada Autoridade Tributária. Chamam-lhe o “nosso dinheiro”. Mas o que é arrancado com ameaças não é “nosso” — é deles, os que decidem quem mete a mão no pote. Todos, mas todos os partidos, disputam apenas isso: quem o esvazia, quanto e para quem.

A única preocupação das duas alas do Partido Socialista — PS1 (de Pedro Nuno) e PS2 (de Montenegro) — é garantir que continuam a ter prioridade na colher. O medo não é o colapso do regime, mas a entrada de um novo parasita: o Chega. Ventura, esse populista profissional, não quer mudar o sistema, apenas alterar os convidados à mesa. Nada de cortes na despesa, nada de redução do Estado, nada de liberdade. Quer mais leis, mais regulamentos, mais penas e mais polícia — ou seja, mais Estado.
No entanto, o problema estrutural é evidente: há milhões de portugueses que já não contribuem para o pote, mas dele dependem. Em 2025, o Estado prevê gastar 43,5 mil milhões de euros em pensões — incluindo as não contributivas, os complementos solidários e os reformados da CGA.
Acrescem os subsídios: 1,7 mil milhões em desemprego, fora os de doença, maternidade, inserção e por aí fora. No total, são 51,3 mil milhões de euros a sair do pote — ou seja, quase 4.800 euros por português. Entretanto, as contribuições para a Segurança Social somam apenas 37,9 mil milhões — um défice de 13,4 mil milhões que é coberto com os impostos gerais: IRS, IVA, ou seja, o roubo normalizado aos que ainda trabalham.

A mentira do porquinho é das mais perversas. Disseram a cada português que poupava para si mesmo, mas o que sempre existiu foi um sistema de redistribuição forçada — onde os activos são saqueados para comprar os votos dos inactivos. É o modelo do bandido estacionário: o político não destrói a sua base de exploração, mas confisca de uns para comprar os outros. O tempo é curto, por isso urge perpetuar-se no poder.
É nesse desespero que nasce a política de importação de gado humano. Milhares de imigrantes do terceiro mundo, muitos sem qualificações e com um sonho na cabeça, são despejados num país sobrelotado, com rendas absurdas, hospitais de campanha, transportes públicos ao estilo de Calcutá e escolas onde o português já é a segunda língua. Tudo “grátis”, claro. Gratuito para quem chega, pago por quem fica — até à exaustão.
O povo acorda, e eis que a “extrema-direita” ganha palco. Palavras como “deportação” entram na arena pública com o Chega, o Ergue-te e o ADN, cada um à sua maneira, apontando o dedo aos imigrantes. Mas, paradoxalmente, não se insurgem contra o sistema que os trouxe. Esperam, com algum cinismo, que o mesmo Estado que os atraiu com subsídios e serviços “grátis”, pagos pelo colectivo saqueado, agora os expulse.

À esquerda, o delírio mantém-se intacto. O Bloco de Esquerda fala de tectos às rendas como se a inflação, a invasão do terceiro mundo, os impostos, as taxas, as licenças, o IMI, o IMT, o IRS, o IRC e a impressora do BCE não existissem. O problema do preço das casas é, para eles, apenas o senhorio. Vivem, definitivamente, num universo paralelo.
A CDU segue fiel à cassete: nacionalizar a banca e os “sectores estratégicos”. Quais são? Nunca se sabe. É a mesma dúvida quando se trata de identificar os rostos do “Grande Capital”. São os que o Comité Central definir numa noite de tinto e tremoços. Com que dinheiro? Com o dinheiro do gado, claro. Porque, no fundo, a vaca fiscal tem de continuar a ser ordenhada — mesmo que já só largue sangue.
O Livre, por sua vez, atinge novos cumes de comédia trágica. Propõe “dar” 5 mil euros por cada nascimento. É como se o ladrão, depois de nos assaltar, nos oferecesse uma manta para o berço. É a ilusão estatista no seu esplendor: tiram-nos 10, devolvem-nos 2 e esperam que agradeçamos de joelhos.

O mesmo raciocínio se aplica à sua proposta de taxar as “grandes fortunas”. Como se alguém que emprega centenas, arrisca o seu capital e gera riqueza devesse ser castigado por ter sucesso. Talvez desejem que os empresários vendam as suas fábricas para pagar os caprichos de Paulo Raimundo ou Rui Tavares. É a destruição da criação para alimentar a redistribuição.
E a Iniciativa Liberal? São apenas globalistas simpáticos? Dizem que “desejam” cortar impostos — roubar menos. Mas propõem cortar 1% por ano na despesa pública!, o que é uma anedota em câmara lenta. É como prometer emagrecer comendo mais arroz e a mesma feijoada. Sem cortes reais na máquina pública, a redução de impostos é só um aperitivo de ilusão.
O PS1 defende o Estado Social como “a maior conquista de Abril”, esquecendo convenientemente que nos trouxe três bancarrotas e abriu as portas a uma invasão do terceiro mundo. A ideia de que um punhado de políticos e burocratas gere melhor o dinheiro dos outros do que os próprios indivíduos é o dogma central desta seita.

Já o PS2 fala em baixar impostos, mas sem mexer na despesa. Tal como a IL. Resultado: nada de novo. A dívida continuará a crescer, a despesa continuará a explodir e o empobrecimento será inevitável.
Portugal está entregue. Não à direita ou à esquerda. Está entregue à lógica do saque. A única variável que muda é o nome do assaltante. O pote de 133 mil milhões continua a ser servido na mesa. Os comensais, de garfo e faca na mão, olham para si!
Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário
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