DECISÃO CONHECIDA ANTES DA ABERTURA DA BOLSA ESTA SEGUNDA-FEIRA

CMVM e Euronext avaliam suspender negociação das acções da Impresa

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Elisabete Tavares|28/09/2025

O regulador da Bolsa e a Euronext Lisbon avaliam a suspensão da negociação das acções da Impresa amanhã na abertura da sessão bolsista.

A deliberação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e da gestora da Bolsa só deverá ser tomada esta segunda-feira de manhã e surge perante a expectativa criada de que a empresa dona da SIC e do Expresso deverá vir a ser alvo de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) por parte da MediaforEurope, o maior grupo de TV aberta da Europa. Com operações de televisão aberta em Itália, Espanha, Alemanha, Áustria e Suíça, este grupo é controlado pela família Berlusconi, através do Fininvest Group.

Pier Silvio Berlusconi, presidente-executivo da MFE, antiga Mediaset, o maior grupo de

Na sexta-feira, a Impresa fechou em Bolsa a cotar nos 12,6 cêntimos por acção, valendo cerca de 21,2 milhões de euros, a preços de mercado. A Impresa tem como principal accionista a holding Impreger, controlada pela família Balsemão.

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Dadas as expectativas de que venha a haver uma OPA, as acções da Impresa deverão atrair forte procura, havendo necessidade de consolidação de ofertas, sobretudo na abertura do mercado bolsista, amanhã, para estabilização de preços.

Segundo o jornal italiano Il Messaggero, no conselho de administração da MFE que aprovou as contas semestrais na passada quarta-feira, o CFO Marco Giordani informou sobre a retoma das negociações para uma entrada na Impresa, o grupo de media fundado por Francisco Pinto Balsemão e actualmente em situação financeira difícil. O jornal italiano menciona que “a conclusão [do negócio] está prevista para o final do ano” e que “o preço não será alto, mas terá que incluir uma Oferta Pública de Aquisição” sobre a Impresa.

Depois de o PÁGINA UM ter alertado para a ausência de divulgação de informação privilegiada por parte da Impresa – o que constitui uma ilegalidade – a dona da SIC e do Expresso publicou um tímido comunicado no site do polícia da Bolsa que foi considerado insuficiente pela CMVM.

Francisco Pedro Balsemão, presidente-executivo da Impresa. / Foto: D.R.

Perante a ausência de informação completa da Impresa, o PÁGINA UM colocou questões à CMVM e voltou hoje a questionar o regulador sobre a ausência de informação, designadamente sobre estar a ser negociada uma operação que envolverá o lançamento de uma OPA.

Ao final desta tarde, a Impresa, pressionado pela CMVM, fez novo comunicado ao mercado onde admite que “no âmbito das negociações tornadas públicas com o grupo MFE não se encontra afastada a possibilidade da aquisição por este de uma participação relevante (direta ou indireta) para efeitos de controlo na Impresa, reiterando que, nesta data, não existe qualquer acordo vinculativo para o efeito”.

Contudo, esta informação continua a ser insuficiente já que a notícia do jornal italiano menciona dados importantes, como a data prevista de conclusão do negócio, bem como o facto de que “o preço não será alto, mas terá que incluir uma Oferta Pública de Aquisição” sobre a Impresa.

Segundo comunicado divulgado pela Impresa sobre as negociações com o MFE.

Perante a expectativa de uma OPA, as acções da Impresa poderão registar uma elevada procura. O facto de a Impresa ter hoje, tardiamente, confirmado a existência de negociações para que o MFE passe a controlar o grupo coloca as acções no centro das atenções dos investidores.

Importa recordar que, de acordo com o Regulamento Abuso de Mercado da União Europeia, as empresas cotadas ou emitentes de dívida têm a obrigação de esclarecer o mercado sempre que circulem rumores ou notícias susceptíveis de influenciar a cotação dos seus títulos. Mas a Impresa só fez um primeiro comunicado, incompleto, ao mercado pelas 00H59 de hoje. O segundo comunicado, ainda incompleto, foi divulgado hoje pelas 17H16 de hoje.

Nota: O PÁGINA UM colocou questões à CMVM no Sábado e no Domingo, designadamente sobre se iria haver suspensão da negociação das acções da Impresa na abertura da Bolsa na segunda-feira. Apesar do silêncio do regulador, o PÁGINA UM apurou oficialmente que a suspensão da negociação estava na mesa e foi-nos indicado que a decisão definitiva de suspensão seria tomada na manhã de segunda-feira, antes da abertura da Bolsa.

De facto, só depois da abertura da Bolsa é que a CMVM publicou no seu site, pelas 08H51, um comunicado indicando que o seu conselho de administração tinha decidido suspender a negociação da Impresa em Bolsa, “para permitir ao mercado absorver a informação entretanto divulgada”. Mas a CMVM apontou que a decisão foi tomada no dia 26 de Setembro pelas 19H40. Isto apesar de a Impresa só ter divulgado um comunicado com escassa informação no site da CMVM pelas 00H59 do dia 27 de Setembro. O grupo de media fez ainda um segundo comunicado no Domingo, pelas 17H16.

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