BIBLIOTECA DO PÁGINA UM

Lourenço Cazarré

Na trigésima sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com o escritor luso-brasileiro Lourenço Cazarré.



Nascido em Pelotas, no Rio Grande do Sul, em 1954, Lourenço Cazarré é descendente de portugueses de Cinfães que emigraram para o Brasil no final do século XIX. Formado em Jornalismo — disciplina que lhe ensinou o rigor e a busca da verdade factual —, encontrou na literatura o território da invenção, da experimentação e da reflexão sobre a própria linguagem, dirigindo-se a públicos diversos sem nunca abdicar da exigência literária.

A sua bibliografia é vasta e atravessa vários géneros, desde o romance e a novela, passando pelo conto, até à literatura infanto-juvenil, com mais de duas dezenas de títulos destinados aos leitores mais jovens.

No Brasil, a sua obra tem sido amplamente reconhecida com prémios de grande prestígio, entre os quais o Prémio Jabuti de Literatura Infanto-Juvenil, atribuído em 1998 a Nadando Contra a Morte, o Prémio Biblioteca Nacional, em 2018, com Os Filhos do Deserto Combatem na Solidão, e o Prémio Paraná de Literatura, no mesmo ano, com Kzar Alexandre, o Louco de Pelotas. Ainda nos anos 1980, venceu por duas vezes a Bienal Nestlé, então o mais importante concurso literário brasileiro, tanto na categoria de conto como na de romance.

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Em 2024, Lourenço Cazarré foi distinguido em Portugal com o Prémio Imprensa Nacional Ferreira de Castro, na sua 5.ª edição, com a obra Breve Memória de Simeão Boa Morte e Outros Contos Poéticos.

Neste livro, o humor culto, a reflexão literária e o jogo intertextual ocupam um lugar central: um dos contos imagina um alienista gaúcho que acusa Machado de Assis de plágio, numa brincadeira erudita com O Alienista; outros textos nascem de poemas em redondilha maior, confirmando a permeabilidade entre poesia e narrativa que marca a escrita de Cazarré.

A preocupação com a “ferramentaria” da língua — expressão usada pelo próprio autor — atravessa toda a obra e sintetiza bem a sua concepção da literatura como trabalho paciente e rigoroso sobre a palavra.

Colaborador do PÁGINA UM há quase três anos, esta conversa com Pedro Almeida Vieira, na Biblioteca do PÁGINA UM, é sobretudo um encontro entre amigos: duas vozes que partilham a defesa da liberdade intelectual, o gosto pela análise crítica e a convicção de que a escrita — literária ou jornalística — deve ser instrumento de lucidez e não de conforto

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