Artigos relacionados com: "revista visão"

Pseudo-auditoria da BDO tenta limpar ilegalidades de campanha gerida por conta pessoal da ministra da Saúde e de deputado do PSD

Pseudo-auditoria da BDO tenta limpar ilegalidades de campanha gerida por conta pessoal da ministra da Saúde e de deputado do PSD

Só faltava mesmo uma auditoria para 'limpar' a imagem de uma estranha campanha de solidariedade que, durante a pandemia, catapultou a imagem de Ana Paula Martins, a actual ministra da Saúde, e de Miguel Guimarães, actual vice-presidente da bancada social-democrata. A consultora BDO prestou-se a fazer uma prestação de serviços às Ordens dos Médicos e dos Farmacêuticos - que nem sequer está registada no Portal Base - para 'comprovar' que estava (quase) tudo bem numa campanha que envolveu cerca de 1,4 milhões de euros. Só encontrou um minúsculo desvio não-justificado de 18 mil euros, mas convenhamos que também não se procurou muito: a auditoria não viu (ou não quis ver) que a conta bancária (que até identifica) não era uma conta oficial de qualquer das Ordens profissionais, mas sim de Miguel Guimarães, Ana Paula Martins e Eurico Castro Alves. E, sem ver isso, também não viu fugas ao Fisco (não-pagamento de imposto de selo) nem omissões ao Ministério da Administração Interna, nem contabilidade paralela com possível criação de um 'saco azul' nem falsas declarações sobre os doadores por parte dos beneficiários. E era tão fácil ver: hoje mesmo, o PÁGINA UM confirmou, através de donativos simbólicos, que a conta usada na campanha 'Todos por quem cuida' continua a ter Miguel Guimarães como beneficiário e que uma conta oficial da Ordem dos Médicos indica, como deve ser, apenas a Ordem dos Médicos como beneficiária.
19/07/2024
Pedro Almeida Vieira
Ruanda: uma viagem ao inferno dos campos da morte

Ruanda: uma viagem ao inferno dos campos da morte

'Caderno dos Mundos' é uma rubrica do jornalista Rui Araújo, com uma selecção de histórias ao longo de mais de 40 anos de grande repórter. Hoje, uma reportagem no Ruanda publicada originalmente em Maio de 1994 no Diário de Notícias.
18/07/2024
Rui Araújo
ice cubes dropped in clear drinking cup with water

ERC quer ‘escurecer’ Lei da Transparência dos Media

Confidencialidade 'ad hoc' sobre os acordos parassociais, redução das entidades com obrigatoriedade de revelarem dados financeiros, expurgo eventual de informação sobre o governo societário e redução substancial de coimas, e mesmo a sua suspensão - eis a 'resposta' do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) para enfrentar a crise na imprensa portuguesa. A proposta de revisão da Lei da Transparência dos Media - uma legislação que, desde 2015 exige a revelação de informação essencial para perceber quem (e como) está a comunicação social -, apresentada este mês pelo regulador ao Governo e à Assembleia da República, 'mutila' diversos princípios de transparência e abre portas para a criação de modelos pouco ortodoxos de financiamento, através, por exemplo, de acordos parassociais a classificar como confidenciais. Com esse expediente, criam-se as condições para esconder do público quem são os 'decisores' efectivos de uma empresa de media, podendo os detentores do capital social serem meros 'testas de ferro', sobretudo em casos de 'descapitalização' ou falência técnica. Num período crítico para o Jornalismo, esta proposta do regulador é uma autêntica caixa de Pandora, de onde pode sair, efectivamente, todas as desgraças - se é que as já existentes não são suficientes.
18/07/2024
Pedro Almeida Vieira
a rusted door handle on a wooden door

Visão e Exame têm marcas penhoradas pelo Estado desde 2020

Os registos do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) comprovam que as marcas das revistas mais emblemáticas da Trust in News — a Visão e a Exame — estão penhoradas desde 2020. Já o título da revista Activa 'está no prego' desde o ano passado. Em causa estão processos judiciais de execução iniciados pela Segurança Social e pelo Fisco relativos a dívidas que se acumulavam já desde 2019, segundo documentos consultados pelo PÁGINA UM. Apesar de ter um capital social de apenas 10 mil euros, a sociedade de Luís Delgado conseguiu, surpreendentemente, acumular dívidas da ordem dos 30 milhões de euros e não pagou contribuições dos trabalhadores à Segurança Social nem os descontos de IRS ao Fisco. Em Junho, iniciou um Processo Especial de Revitalização numa tentativa de evitar a declaração de insolvência. Há outros títulos da Trust in News sob penhor, como garantias de empréstimo do Novo Banco, mas Luís Delgado foi registando marcas 'paralelas', salvas agora de penhoras. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) nunca foi informada pela Trust in News destas penhoras.
17/07/2024
Elisabete Tavares e Pedro Almeida Vieira
O melhor epidemiologista do Mundo lança fortes críticas sobre activismo na pandemia que enviesou a Ciência

O melhor epidemiologista do Mundo lança fortes críticas sobre activismo na pandemia que enviesou a Ciência

Não é um nome qualquer nas Ciências Médicas e na Bioestatística - é, na verdade, O nome, o 'primo inter pares'. Investigador na conceituada Universidade norte-americana de Stanford, John Ioannidis, o mais conhecido e conceituado epidemiologista mundial, não é meigo com uma das mais prestigiadas revistas científicas, a BMJ, acusando-a de viés e de cometer violações éticas na aceitação e sobretudo na recusa de artigos relacionados com a covid-19. Num artigo científico de análise, em co-autoria com outros três investigadores, Ioannidis - que é o oitavo cientista mundial em todas as áreas com mais citações nos últimos seis anos - admite que a BMJ também lhe recusou artigos, e não foi por falta de qualidade. Este cientista publicou mais de uma centena de artigos científicos sobre a pandemia, e é um dos mais requisitados pelos seus colegas. Exemplo disso é um artigo publicado este mês numa revista científica sobre as melhores práticas de gestão e partilha de dados em pesquisa biomédica experimental em co-autoria com investigadores da Universidade de Coimbra.
16/07/2024
Pedro Almeida Vieira
Crédito ruinoso: Fundo de Resolução ‘sacode água’ para o Novo Banco

Crédito ruinoso: Fundo de Resolução ‘sacode água’ para o Novo Banco

O Novo Banco é um dos lesados da Trust in News, dona da revista Visão, que deve 3,5 milhões de euros à instituição financeira que nasceu na sequência do colapso do Banco Espírito Santo. O Fundo de Resolução, que é accionista e era o responsável pelas injecções de capital no banco para tapar os prejuízos herdados do BES, disse ao PÁGINA UM que não teve responsabilidades no crédito ruinoso concedido à sociedade unipessoal do empresário Luís Delgado para este comprar o portfólio de revistas à Impresa em 2018. Como é que o banco emprestou milhões a uma sociedade com um capital de apenas 10.000 euros e quem deu luz verde ao crédito, são questões sem resposta do Novo Banco. Este crédito, que permitiu a compra do portfólio de revistas da Impresa, deixará como maiores lesados os contribuintes, já que a dívida da Trust in News ao Estado supera os 15 milhões de euros. Recorde-se que o Novo Banco tem um histórico de créditos ruinosos que levaram a injecções milionárias de capital para tapar os buracos deixados por empréstimos concedidos sem que tivessem ficado acauteladas as devidas garantias.
11/07/2024
Elisabete Tavares
Reportagem sobre cupão de desconto do Correio da Manhã vai sair cara à CMTV

Reportagem sobre cupão de desconto do Correio da Manhã vai sair cara à CMTV

Para promover uma campanha de descontos do Correio da Manhã, a CMTV decidiu ir dar uma 'ajudinha', fazendo uma reportagem numa papelaria lisboeta e usando uma jornalista. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) considerou, porém, abusivo o uso de um espaço noticioso para auto-promoção e levantou agora um processo de contra-ordenação à Medialivre. A campanha do Correio da Manhã, que nem sequer se mostrou um sucesso comercial, pode agora vir a custar uma coima de até 150 mil euros.
09/07/2024
Pedro Almeida Vieira
Trust in News: Luís Delgado sob risco de condenação por crime de abuso de confiança fiscal

Trust in News: Luís Delgado sob risco de condenação por crime de abuso de confiança fiscal

O volume de dívidas da Trust in News – dona da Visão e de mais 16 títulos da imprensa – à Segurança Social e à Autoridade Tributária e Aduaneira revelam que o ex-jornalista e empresário Luís Delgado nunca se preocupou em cumprir as obrigações com o Estado, mesmo estando a ultrapassar largamente o risco de abuso de confiança fiscal, por nem sequer pagar o IVA. Mas, nos últimos tempos, a estratégia mudou: além de não pagar ao Estado, não pagar também a fornecedores. E, nos últimos tempos, aos jornalistas. Assim, além de volumosas dívidas aos bancos (Novo Banco e BCP) e à Impresa, a quem terá comprado as revistas em 2018, a Trust in News foi somando calotes: ao senhorio, aos CTT, a uma empresa de limpeza e a duas de táxis, à Entidade Reguladora para a Comunicação e a tudo o que se cruzasse. Até a sociedade de advogados de Pedro Santana Lopes e o Benfica estão no rol. Pressente-se, aliás, o colapso do grupo, tanto assim que mais de oito dezenas de jornalistas reivindicam créditos. Nesse lote está a ex-directora da Visão, Mafalda Anjos, que no ano passado considerou “fantasiosas” as notícias do PÁGINA UM sobre a situação financeira da Trust in News. Afinal, agora, Mafalda Anjos talvez necessite de apelar à fantasia, pegando numa ‘varinha mágica’ para sonhar vir a receber mesmo os 54 mil euros que lhe foram prometidos aquando da rescisão do contrato no início deste ano.
09/07/2024
Pedro Almeida Vieira
Icra Iflas Piled Book

Da capital de Portugal às cores da Bandeira: nos 500 anos do nascimento de Camões

“Só os santos é que têm direitos? Onde é que isso está consagrado?” As perguntas e a análise do constitucionalista José Melo Alexandrino sobre uma ‘proibição’ de Carlos Moedas ‘apadrinhada’ cegamente pela imprensa.
08/07/2024
José Melo Alexandrino
person holding brown leather bifold wallet

Trust in News: Luís Delgado corrigiu ontem contas de 2021 para assumir elevadas dívidas ao Estado

A revista Visão é semanal, mas agora a sua dona, a Trust in News, 'dá' notícias quase diárias, e todas más. Ontem, a empresa unipessoal do ex-jornalista Luís Delgado decidiu entrar com uma correcção das contas de 2021 para 'introduzir' uma reserva do revisor oficial de contas (ROC) onde se alertava para a dívida ao Estado que era então de 8,2 milhões de euros. A Trust in News, que tinha obrigação legal de certificar as suas contas, nunca o fez, violando o código das sociedades comerciais. Mas isso é apenas mais uma peça de um puzzle que não explica o essencial: como é que um empresário dos media, mesmo se com boas relações no poder socialista (é ainda sócio de João Cepeda, director de comunicação do Governo Costa, na empresa Capital da Escrita) conseguiu sem incómodo endividar-se tanto (30 milhões de euros) em tão pouco tempo (seis anos), tendo investido apenas 10 mil euros? E depois disso, será que o Estado (Governo) vai dar-lhe a mão e usar dinheiros públicos para 'salvar' empregos de jornalistas que andaram seis anos a assobiar para o ar?
05/07/2024
Pedro Almeida Vieira e Elisabete Tavares
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23 páginas em defesa do jornalismo credível de investigação: o caso da segurança das vacinas

No ano passado, o médico Filipe Froes apresentou duas queixas na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) contra notícias do PÁGINA UM sobre os efeitos adversos das vacinas contra a covid-19 baseadas em dados da Agência Europeia do Medicamento. Froes, um dos médicos portugueses com maiores ligações à indústria farmacêutica, conseguiu, numa primeira fase, o que desejava: a ERC aprovou uma deliberação que criticava o PÁGINA UM, acusando-me de falta de rigor. A deliberação seria anulada porque não me foi dada oportunidade de responder a uma das queixas. Decidi agora elaborar uma defesa robusta envolvendo vários dias de trabalho de investigação: são 23 páginas, que aqui reproduzimos ‘ipsi verbis’ com ligação a meia centena de referências bibliográficas. Serve esta defesa para demonstrar que o incómodo jornalismo de investigação (como aquele que faço com rigor e conhecimento) pode ser vítima da vil censura. Não pode ser calado. E sobretudo por negociantes. E sobretudo por reguladores dos media que, na verdade, deveriam estar, numa democracia, a defender o jornalismo independente – e não a persegui-lo.
04/07/2024
Pedro Almeida Vieira