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Há um limite para tudo — até para a mistificação. O apelo na rede social X de Pedro Coelho, jornalista da SIC e professor na Universidade Nova de Lisboa, para que o Estado “crie condições” para salvar a revista Visão é um insulto à ética e à inteligência. Clamar por perdões fiscais e esmolas públicas para ressuscitar uma revista falida por má gestão e compadrio político não é algo que o Jornalismo necessite. Se ainda há um grupo de "jornalistas corajosos" na Visão, pois muito bem: havendo mercado, criem uma revista nova e sem favores. E não se reescreva a História, como tenta fazer Mafalda Anjos, a antiga directira da Visão. que ajudou a afundar o barco.

Uma análise do PÁGINA UM às transacções dos títulos da Impresa na bolsa de valores de Lisboa revela fortes indícios de “insider trading” nas duas semanas que antecederam o anúncio das negociações entre a Impresa e a MediaForEurope. As movimentações anómalas — com volumes seis vezes superiores à média e operações antes de qualquer comunicação oficial — sugerem que informação privilegiada circulou antes de tempo, sem que a CMVM se mostrasse disposta a investigar. O 'insider trading' é crime em Portugal com uma moldura penal de até cinco anos de prisão.

Francisco Pinto Balsemão, patriarca da Impresa, tem sido alvo de homenagens públicas, mas também de generosos cheques privados: só em salários e complemento de pensão, recebeu 3 milhões de euros na última década. Os filhos Francisco Pedro e Francisco Maria também somam milhões em remunerações, enquanto o grupo afunda-se em prejuízos históricos e perde quase 95% do valor em bolsa.

A opinião da jornalista Elisabete Tavares sobre o facto de Mafalda Anjos - que foi um rosto pela intolerância, espalhou ódio e defendeu a segregação na pandemia - estar agora preocupada por estarmos a viver um clima similar ao da Alemanha de 1930.

O administrador judicial da insolvente Trust in News (TIN), André Correia Pais, enfrenta o delicado desafio de aprovar as contas de 2024 que retratem fielmente a situação do grupo de media fundado por Luís Delgado. Sem prazo definido para conclusão e já fora do calendário legal para publicação no Portal da Transparência dos Media, essas contas terão de esclarecer se uma 'misteriosa rubrica' de 14 milhões de euros no activo da TIN corresponde a valores reais ou é 'contabilidade criativa' de contornos fraudulentos.

Enquanto proclama combater a desinformação, o Polígrafo floresce como criatura simbólica dos bestiários medievais: uma hiena que simula compaixão enquanto devora carniça digital. Entre 2020 e 2024, recebeu mais de 2,3 milhões de euros da Meta. No ano passado, lucrou 396.789 euros — 23 vezes mais do que os 17.742 euros de 2019 —, sustentando-se quase só em parcerias comerciais. O leitor, esse, serve para legitimar o negócio.

Com mais de 5,1 milhões de euros de prejuízo em 2024, o Público afunda-se num mar de contas negativas que já ultrapassam os 29,3 milhões desde 2017. Com vendas em banca abaixo dos 10 mil exemplares e parcerias editoriais duvidosas, o histórico jornal da Sonae enfrenta agora um colapso financeiro e reputacional iminente.

A descoberta de irregularidades fiscais passadas envolvendo o edifício-sede da Impresa, em Paço de Arcos, foi a 'desculpa' perfeita que o fundo BPI Imofomento usou para cancelar a compra do imóvel, a qual iria ser feita por um valor considerado excessivo. O negócio tinha sido anunciado pela Impresa como estando avançado e iria representar um encaixe financeiro de 37 milhões de euros para a dona da SIC e do Expresso.

Entrou no mundo dos media como costuma entrar em campo: para ganhar. No primeiro ano completo como accionista da Medialivre – dona do Correio da Manhã, CMTV, Sábado, Now e de duas rádios –, Cristiano Ronaldo viu a empresa registar lucros de 4,2 milhões de euros, mesmo num contexto de forte investimento e de crise no sector. A CR7 S.A., sociedade do jogador, tornou-se o maior investidor individual no final de 2023, com uma participação de 30%, mas um acordo parassocial mostra ser o principal investidor. Nove anos depois de lançar ao lago um microfone da CMTV, Ronaldo é agora o seu principal rosto institucional.

A cumprir uma pena suspensa de cincos pelo crime de abuso de confiança fiscal agravado, Luís Delgado parece não estar a conseguir estancar a água que está a entrar no seu 'navio' que está prestes a afundar-se. A Justiça não deu 'luz verde' ao plano de insolvência apresentado por Delgado e aprovado pela maioria dos credores da Trust in News. A dona das revistas Visão e Exame enfrenta agora o seu iminente encerramento e os trabalhadores prepararam-se para um provável despedimento colectivo. Para Delgado, as notícias não podiam ser piores: um dos principais motivos para o 'chumbo' do plano pelo Tribunal foi o facto de Delgado impor como condição que os credores ficassem impedidos de fazer acções de execução sobre os 'fiadores' da TIN. Ou seja, ele próprio.

O PÁGINA UM, ao denunciar este caso em 2023, não apenas antecipou o desfecho — antecipou a verdade. E escrevo isto sem qualquer júbilo: o encerramento de 16 títulos de imprensa, por mais irrelevantes que se tenham tornado, é sempre uma perda simbólica para o pluralismo informativo. Mas essa perda só é superada pela complacência que permitiu que estes títulos sobrevivessem durante anos à custa do dinheiro que não pagavam ao Estado, nem aos trabalhadores nem aos credores. O jornalismo só se defende com verdade, independência e rigor. E isso começa pela denúncia dos que, em nome do jornalismo, dele abusam. A Trust in News morreu. Viva o jornalismo! Que a verdade continue viva.

O dono da Trust in News, Luís Delgado, um empresário caído em desgraça e que se encontra a cumprir uma pena suspensa de 5 anos, está a 'queimar os últimos cartuchos' para travar novas execuções por dívidas fiscais. Ontem, Delgado avançou com uma acção de oposição no Tribunal de Sintra para tentar bloquear uma acção de execução do Fisco. Há três semanas, tinha intentado um processo de impugnação no Tribunal Tributário. Estas acções surgem quando o seu plano de insolvência está por um fio e aguardar decisão dos credores e do Tribunal, depois de Delgado ter incumprido com as condições do plano, como já era mais do que esperado. Entretanto, prossegue a greve de trabalhadores e o Jornal de Letras está em risco de publicar esta semana a sua última edição. O título está penhorado e 'pertence' ao Novo Banco, um dos credores da TIN.