"Psicologia: quando a aldrabice não é julgada dentro da ciência (uma resposta a Miguel Ricou)"

Este aniversário, já o quarto, não é um ponto de chegada, mas uma confirmação. A confirmação de que há espaço para um jornalismo que respeita a inteligência do leitor. A confirmação de que a independência não é um slogan, mas uma prática diária. A confirmação de que, enquanto houver leitores dispostos a apoiar o incómodo, o PÁGINA UM continuará a fazer exactamente aquilo para que nasceu: jornalismo sem concessões.
Durante dez dias, uma foca-cinzenta permaneceu nos rochedos de Cascais até agonizar e morrer, sob a complacência e os comunicados tranquilizadores do ICNF. Brás Cubas vislumbra, neste episódio, um apólogo perfeito do Estado português.
Colaborador do PÁGINA UM há quase três anos, o escritor Lourenço Cazarré, em visita a Portugal, conversa com Pedro Almeida Vieira, na Biblioteca do PÁGINA UM, para partilharem a defesa da liberdade intelectual, o gosto pela análise crítica e a convicção de que a escrita — literária ou jornalística — deve ser instrumento de lucidez e não de conforto.
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Os dados de 2024 do PIB per capita divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmam uma estagnação estrutural da economia portuguesa ao longo das últimas três décadas. Em termos de riqueza por habitante ajustada ao poder de compra, o país permanece praticamente no mesmo patamar de 1995, com a Grande Lisboa a assumir-se como a única região consistentemente acima da média europeia, num quadro marcado pela degradação relativa de várias regiões — incluindo a Área Metropolitana do Porto.
Ao longo de mais de um ano, Brás Cubas — a célebre personagem de Machado de Assis — analisou, com mordacidade e sátira, a política e a sociedade portuguesas do século XXI. Cerca de cinquenta dessas crónicas, revistas e editadas, dão forma ao 'Correio Mercantil de Brás Cubas', onde enfim se revela o amanuense por detrás dos escritos: Pedro Almeida Vieira, que regressa à Literatura, com olhar sobre a realidade, quase uma década após a sua última obra. Contribua também aqui para o sucesso do PÁGINA UM, que manterá o preço de 15 euros por mais alguns dias.
INVESTIGAÇÃO PÁGINA UM - O colosso petrolífero British Petroleum (BP) montou em Portugal uma teia societária assente em sociedades de um euro, todas com sede jurídica no escritório de advogados de José Luís Arnaut, uma das mais influentes figuras do mundo empresarial associadas ao PSD. A partir desta base jurídica, com recurso a duas subsidiárias e cinco veículos societários financeiros, a BP pretende avançar com o polémico projecto fotovoltaico Sophia, cuja contestação popular e política tem vindo a aumentar. O modelo societário montado pela sociedade de advogados do 'cardeal do PSD' visa diminuir riscos financeiros, fragmentar responsabilidades e dificultar impugnações.
A partir de uma entrevista no Fugas a uma activista vegana, Brás Cubas desmonta a moralização contemporânea da comida, satirizando a transformação do prato em manifesto ético e do garfo em instrumento de redenção universal.
"[...] Hoje, multiplicam-se os curiosos tardios, os abutres que farejam mais escândalo do que luto. A eles não devemos nada. À Clara devemos tudo [...]"
Os manifestos de voo do avião privado de Jeffrey Epstein, tornados públicos pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, revelam que Portugal foi usado como ponto efectivo de passagem em várias deslocações internacionais. O aeroporto de Santa Maria, nos Açores, surge como a única escala portuguesa, incluindo voos de 2002 em que Epstein viajava com o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, que deixara a Casa Branca em Janeiro do ano anterior.
A cena jazzística lisboeta vive uma era dourada, e a chegada de Ali Jackson, um dos mais famosos bateristas norte-americanos, para uma residência no Távola Jazz Club confirma-o: Lisboa tornou-se palco discreto, mas vibrante, do jazz mundial.
A LS2MM, empresa familiar de Luís Marques Mendes, candidato à Presidência da República, foi dissolvida em 20 de Novembro, poucos meses após uma alteração societária que integrou os filhos do casal. A sociedade, criada em 2014, manteve uma actividade discreta mas financeiramente relevante. Entre os contratos de consultadoria terá estado uma avença mensal de 5.000 euros com a construtora Alberto Couto Alves, empresa fortemente dependente da contratação pública.
Há 149 dias, 0 horas, 0 minutos, 50 segundos
que a Global Notícias devia ter as suas contas entregues.
Mas prefere perguntar pelas do PÁGINA UM.
Dados do INE divulgados hoje revelam que Portugal está longe de cumprir as metas ambientais europeias: em 2024, a produção de resíduos urbanos cresceu quase 4%, o dobro do PIB, a reciclagem estagnou e mais de metade do lixo foi para aterro — números que nem sequer coincidem com os da Agência Portuguesa do Ambiente.
Publicada este mês, um perturbadora análise científica, co-assinada por John Ioannidis, um dos investigadores mais citados do mundo, põe em causa pressupostos centrais da forma como a evidência científica tem sido validada e usada na tomada de decisões públicas, sobretudo no sector farmacêutico. O estudo revela discrepâncias sistemáticas entre aquilo que a Agência Europeia do Medicamento, presidida pelo português Rui Santos Ivo, conhece sobre a qualidade dos ensaios clínicos e aquilo que é publicado nas grandes revistas médicas, levantando questões sérias sobre transparência, rigor e confiança institucional.
Foram seis meses de pesadelo. O Serviço de Neurologia do Hospital Amadora-Sintra tornou-se palco de um longo episódio insólito e tenso: um imigrante em situação irregular recusou sair após receber alta clínica em Maio, mas recusou sair. Intimidou profissionais, forçou o hospital a restringir acessos e o caso terminou na semana passada coma sua detenção, após vigilância permanente por um gente da PSP pago pela própria unidade hospitalar.
Os municípios da área do Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra podem considerar-se privilegiados: recebem agora a juíza Telma Nogueira, que em Lisboa conseguiu a proeza de conduzir ao longo de 34 meses um processo de intimação do PÁGINA UM contra o Ministério da Saúde — relativo ao acesso aos contratos das vacinas contra a covid-19 — sem jamais decidir. Produziu 31 despachos, prolongou sucessivos prazos, pediu traduções desnecessárias e expurgos, mas nunca proferiu sentença.
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O Ministério Público arquivou o processo-crime por difamação movido pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, pelo deputado Miguel Guimarães, por Eurico Castro Alves, duas ordens profissionais e pela indústria farmacêutica contra o director do PÁGINA UM. Num despacho de 72 páginas, o MP concluiu que a investigação jornalística sobre a campanha "Todos por Quem Cuida" — que envolveu 1,4 milhões de euros e está pejada de ilegalidades e irregularidades — não cometeu qualquer crime, mas apenas cumpriu o dever de escrutínio público.
A pretexto da reacção de Luís Ribeiro sobre a escrita de artigos noticiosos em cumprimentos de contratos de marketing.
Foi preciso uma sentença, um acórdão e um pedido de aplicação de sanção pecuniária compulsória. O PÁGINA UM revela (e apresenta uma avaliação individual) dos 52 relatórios do Instituto Superior Técnico escondidos durante 32 meses pelo seu presidente, Rogério Colaço.
Um juiz recém-nomeado no Tribunal Administrativo de Lisboa fez uma interpretação temerária da lei ao tentar isentar o Conselho Superior da Magistratura do cumprimento da Lei de Acesso aos Documentos Administrativos. O Tribunal Central Administrativo Sul travou a decisão, lembrando que nem mesmo o órgão máximo da magistratura pode escapar às regras da transparência e do escrutínio público.
O escritor Paulo Moreiras, colaborador do PÁGINA UM nas recensões literárias, venceu o Prémio PEN de Ficção Narrativa com 'A Vida Airada de Dom Perdigote'.
Ao passar diante do hotel, deteve-se perante um cartaz sobre paremiologia. Um micro-conto de Sílvia Quinteiro.
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No calor sufocante de uma noite sem ar, descemos do carro diante do ginásio em brasa, sem imaginar que enfrentaríamos Batata, o velho goleiro.
Se há coisa sobre o fado que é controversa, é a sua origem. Sérgio Luís de Carvalho, colaborador pontual do PÁGINA UM, abre o livro sobre esse enigma em 'Lisboa Fadista', cujo primeiro capítulo mostramos em pré-publicação.